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Anti-épico: tese, antítese e síntese do épico.

Boa noite!

Primeiramente alguns esclarecimentos...este post não é nada pessoal, nem objetivo, nem de suma importância para alguém ou para alguma coisa. Apenas, hoje, durante a aula de literatura, começamos, sem ter o menor nexo com tal assunto, mas surgiu, a conversar sobre épicos e as definições do gênero...a conversa se expandiu para os épicos no cinema, em livros e para as nossas visões sobre isso. Enfim, deixamos de lado a didática literária e passamos a refletir sobre a visão do épico durante a história. Irei, portanto, explanar, sem maiores delongas, alguns pontos surgidos na conversa. Queria escrever, então, para não deixar nenhum pensamento se perder...

Def. de Épico no dicionário:
adj. Que descreve em versos os feitos heróicos: os poemas épicos de Homero.
Próprio da epopéia: estilo épico.
Extraordinário, memorável: proeza épica
[http://www.dicio.com.br/epico/]

Pois é...aprendemos a valorizar os feitos heróicos do nosso povo, os americanos dos seus compatriotas, os soviéticos e assim por diante. Valorizar...certo, atribuir juizos de valores, acho que é o que queremos dizer, ou ver.

Chegarei logo ao ponto...
Durante toda a história, todas as civilizações, aliás, grupos delas, desviaram, modificaram, recriaram ou enfatizaram fatos para além da realidade. Hoje, nossas definições do heróico passam por modificações muito importantes. Há alguns bons anos, o cinema mostrava somente os grandes feitos dos heróis de guerra, até parece que isso modifica a guerra em si. Tomarei a Segunda Guerra Mundial por exemplo, Se os Nazi tivessem ganho a guerra, imaginem como a história teria sido escrita...

Imaginem.

Agora, pensem sobre: como a nossa história foi e é escrita?
Os horrores mudam a depender do vencedor? Vencedor de quê?

Se o épico é valorizar o memorável, então, tomemos o sentido ao pé da letra mesmo, porque certas coisas não devem ser escritas pelo superficial, nem valorizadas só pelo que é aparentemente bom, se este bem esconder um mal maior. O culto ao heróico das epopeias históricas criou algumas perigosas omissões, omissões de vícios em detrimento de virtudes (falsas) que não condizem com a natureza humana. Humanidade a qual permite, além de tudo, errar e renovar. Enterrar os erros é o primeiro passo para cometê-los novamente. Vamos eternizar as verdades doloridas para que aprendamos a ser mais humanos.

Mas...por que falar da II guerra?
Falo de qualquer coisa, de fatos corriqueiros também...vamos rever nossos heróis. Meu post não acaba com eles, apenas, é um chamado para a redefinição, para enxergarmos os verdadeiros heróis. Falo das guerras históricas, das pessoais, de tudo...

Valorizemos o antí-épico para chegarmos ao verdadeiro épico.

Vejam alguns livros, filmes a exemplo de "O menino do pijama listrado", "A menina que roubava livro" "O resgate do soldado Ryan".

O cinema e a literatura, graças a Deus, ultimamente, passaram a enxergar com um pouco mais de realidade o que tem por trás da fantasia grotesca de que tudo é sempre tão bem, quando na verdade não é. Nesses livros e filmes, percebi que é muito mais fácil revelar a verdade objetiva quando lembramos que ela é construida através de cada um.

É...é mais fácil saber como foi a guerra, por exemplo, perguntando a quem esteve nela, através da pureza de uma criança, ou simplesmente olhar para os dois ou vários lados, e, não, apenas juntar tudo, como se não fossem pessoas diferentes e situações diversas, e resumir a um heroismo disfarçado e inexistente.

Quando a vitória e a derrota tornam-se equivalentes?

Comentários

  1. O épico sempre oculta muitas verdades. Até mesmo heróicos personagens bíblicos se enquadram no perfil muito bem explanado por Sabrina. Mas a verdade é que ainda precisamos de heróis. Ainda temos a necessidade de criar modelos para "educar" a sociedade. A verdade pode ser avassaladora! Mas será q já não é hora de priorizar a realidade ante a ficção e encarar nossos erros de frente?
    Ótimo post Sá!
    luiz

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  2. Ótimo post Bri,pode parecer um pouco estranho mas,fiz um link com minha vida.E me fez pensar como história é interessante,e tem gente que menospreza.
    A literatura brasileira tem exemplos,através dos romances entendemos a sociedade sem cortes.
    Beijoos,minha médica blogueira !

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  3. Só pra continuar...mas em comentário:

    Uma conversa com Luiz:

    Sabrina diz:
    *na batalha de stalingrado os alemães foram vencidos...e a gente sempre acha q por conta do holocausto eles foram os vilões e os russos são os herois...então sempre contamos que as mulheres foram violentadas, crianças mortas pelos nazistas, mas nessa figura heroica soviética que os filmes pintavam mtas vezes e logo a sociedade....cerca de 37500 mulheres alemães foram violentadas qnd os russos invadiram berlim.
    *e ai? de que lado tá a verdade? o vencedor narra como quer né?
    *e assim a gente faz nos nossos dias.
    *uma verdade transplantada...palavras repetidas demais..e as vezes impressa ou cheia de dramaturgia fazem verdadeiras lavagens cerebrais.

    Luiz Augusto diz:
    *uhum! pura verdade transplantada!
    *o vencedor diz o q quer!


    Não to defendendo nazismo, pelo amor de DEUS, isso é apenas um exemplo do que a gente faz com a nossa vida, com a história.. Deixamos alguns fatos como um dia nublado.

    Outro ponto: O post é aberto, levem pela viés histórico ou pelo lado pessoal mesmo!

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  4. "Enterrar os erros é o primeiro passo para cometê-los novamente"
    me lembrei de Paulo falando de Rui Barbosa, que mandou queimar os arquivos da escravidão :x

    Tu escreve tão bem, amei o post!
    E realmente os livros, filmes, são tão melhores e parecem tão mais verdadeiros (e são) quando refletem a vida de pessoas normais... Já lesse "O diário de Anne Frank?" e o próprio livro da "Menina que Roubava Livros"? Nem sabia que tinha o filme! Quero ver :)

    Adorei, adorei.

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