Boa noite e Feliz ano novo, pessoal!
Para primeiro post de 2019, algo que já deveria ter escrito há muito.
Há 10 anos, mudei para outra cidade. No primeiro ano, fazia meu caminho para as aulas andando, mais ou menos 40 min; então, em um dia, na verdade, em uma sequência de dias de algumas semanas, houve alguns acontecimentos comuns, não menos marcantes. Naquela manhã, começou a chover. Realmente, as chuvas podem ser caóticas, mas naquele dia nem estavam, só tinha começado enquanto eu andava para o curso e eu iniciei resmungos mentais "Por que começou a chover agora? vou chegar ensopada lá, blá blá". Até que em um estalo, tomei consciência de que não era possível que ali, naquele momento, ia fazer tomar conta de mim pensamentos que não costumava ter e nem precisava, ou sequer eram importantes. Sobre a situação em si,"para que reclamações?" Ainda que fosse um problema, teria solução. E apesar de não ser, estava ali mesmo 'uma solução': estava confortavelmente de tênis e tinha um guarda-chuva.
Já não bastava ter me dado conta segundos depois, o universo com alguns tapas, relembrou-me mais.
Alguns metros após, percebi um garoto de rua, deitado encolhido - como se estivesse com frio - em um banco da parada de ônibus. Aquilo me doeu. Eu, com as melhores possibilidades, quis me incomodar, enquanto o menino sim, estava dormindo em um momento que para ele, provavelmente, envolvia a única tranquilidade que ele poderia ter, com bem menos possibilidades.
No outro dia, em outra parte do caminho, topei com outro garoto, quase tropecei mesmo, na calçada jogado, em frente à padaria, enquanto todos passavam, driblavam, por cima, de fato, e eu parei estatelada com mais um "dar-me de conta". Era uma indiferença comum e brutal. Frio, fome, calor, mas pior, a indiferença era indistinta.
Em outro dia, de outra semana próxima, no caminho, esbarrei em um desses garotos e pedi desculpas atarantada, ele sorriu bem bonito e disse "nada, moça" e me ofereceu ajuda com umas compras derrubadas. Ele me ajudou, eu o ajudei. E só havia gratidão.
Para resumir, foram semanas humanamente perturbadoras com coisas que eu era acostumada a ver, a combater, ajudar, mas o problema era esse, por no costume e ver como era comum, mas não normal tratar com indiferença e banalidade. E se eu pudesse ser minimamente grata, estaria fazendo algum papel mais humano.
Em uma daquelas noites, ao lembrar quando cheguei em casa, só recordo de ter chorado muito, um choro incansável e inconsolado como nunca. Por algo que eu já sabia, mas foi preciso.
Daí, finalzinho do ano passado, mais de 9 anos depois, aquele sorriso de gratidão, foi rememorado por outro morador de rua.
Estava em uma mesa do lado de fora de uma pizzaria e um rapaz pediu por qualquer coisa para levar comida para os filhos. Eu dei..e depois em um estalo lembrei, que um ano antes, a mesma pessoa, também estava por ali, oferecendo qualquer serviço, levar suas compras, engraxar um sapato, por comida, por qualquer coisa. E lembrei que na outra oportunidade, ele me pediu para fazer algo em troca, dei-lhe comida, algumas pessoas dali também. E não muito depois, quando fui para casa, estava ele agradecendo e sorrindo nos degraus de uma igreja próxima.
Aquilo me fez sorrir muito, doeu, mas foi gratificante.
Buscar gratidão dentro das pequenas possibilidades diárias faz surgir uma esperança inesperada. Ver quem vive diante das menores possibilidade encontrar alguma felicidade e por ela ser grato, é humanamente ainda mais bonito.
Então não é só sobre ser grato, é sobre ser realmente grato, gratidão jamais foi sobre 'ter'. Reclamar menos, fazer mais, usar sua gratidão para expandir a abundância do universo para todos.
Então não é só sobre ser grato, é sobre ser realmente grato, gratidão jamais foi sobre 'ter'. Reclamar menos, fazer mais, usar sua gratidão para expandir a abundância do universo para todos.
P.S.: Ouvi dizer que hoje é 'dia da gratidão', que este dia, marque todos os outros dias de gratidão do ano.
Coincidentemente, já ia fazer este post "neste sentido' há um tempo, mas hoje vi também um documentário não recente mas de poucos anos, "Human", que me lembrou mais ainda o quanto pode ser admirável, duro ou doce, ser Humano.
Coincidentemente, já ia fazer este post "neste sentido' há um tempo, mas hoje vi também um documentário não recente mas de poucos anos, "Human", que me lembrou mais ainda o quanto pode ser admirável, duro ou doce, ser Humano.
Feliz 2019.
Como sempre, escrevendo o que precisamos ler! Acho que se fosse escolher uma palavra pra aplicar nesse ano seria a gratidão.
ResponderExcluirBri que lindo! Eu também sofro demais com esse povo sem esperança, tento ajudar no que posso. Também sou muito grata pelo pouco que tenho mas que me basta. Continue assim, tenho certeza que Deus tem se agradado das suas nobres atitudes. E é por isso que te amo de montão ������
ResponderExcluirQue lindo.
ResponderExcluirHá um tempo descobri, que o verdadeiro caminho para estar feliz todos os dias é ser grato... porque mesmo que a gente tenha 2 ou 3 motivos p reclamar ou expressar alguma emoção negativa... há sempre mais motivos para agradecer... e esse sentimento provoca alegria na gente! Muito bom, Sabrina.😊
ResponderExcluirComo não amar a bribs . .
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